'Medo de perder nossa liberdade e nossa vida', disse vencedora do Nobel da Paz em entrevista exclusiva em 2024; veja frases
10/10/2025
(Foto: Reprodução) Saiba quem é María Corina Machado, vencedora do Nobel da Paz 2025
A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, foi premiada na manhã desta sexta-feira (10) com o Prêmio Nobel da Paz 2025. O anúncio feito pelo Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo, reconheceu o que disse ser "seus esforços persistentes em favor da restauração pacífica da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”.
Desde que foi impedida de concorrer, vive escondida na Venezuela, enquanto denúncia internacionalmente as violações políticas do governo Maduro.
Em setembro de 2024, ela deu uma entrevista para a presentadora Andreia Sadi, no programa Estúdio i, onde falou sobre a atual situação política do país. Veja os principais trechos:
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María Corina Machado em manifestação em Caracas em 2024
Reprodução/TV Globo
"Todos temos medo, só de perder a nossa liberdade, também a nossa vida"
Corina Machado, em 2024: 'Temos medo, só de perder a nossa liberdade, também a nossa vida'
Ao falar da perseguição política sofrida pelos opositores políticos de Maduro e pela população contrária ao seu regime, Corina reafirmou a sensação de medo vivida por todos e o que ela considerou ser seu compromisso com a população.
"Todos temos medo, só de perder a nossa liberdade, também a nossa vida. Mas eu tenho um compromisso assumido com o povo de Venezuela e não os vou abandonar".
A líder da oposição Há mais de 2.500 presos perseguidos, crianças que foram acusadas de terrorismo, mulheres que foram detidas, separadas de suas famílias, sem direito à defesa e que foram submetidas a atos cruéis, inclusive violência sexual. É tão brutal a repressão da Venezuela que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos a qualificou como prática de terrorismo de Estado.
"Perseguição na Venezuela é brutal"
'Perseguição na Venezuela é brutal', disse María Corina Machado em entrevista de 2024
Durante a entrevista, Sadi perguntou a Corina sobre a perseguição a ela e a Edmundo Gonzáles e se eles planejavam, na época, pedir anistia ao Brasil.
Corina não entrou em detalhes sobre o pedido - hoje em dia Gonzáles Urrutia está asilado na Espanha - mas falou sobre a perseguição que ambos lidaram, incluindo seus familiares.
"O que eu posso dizer, é que o nível de perseguição na Venezuela é brutal, e eles [militares do governo] ameaçaram invadir a casa dele [Edmundo Gonzáles Urrutia]. Nossas famílias estão aqui na Venezuela, de modo que, sim, precisamos que a comunidade internacional, especialmente o governo Lula, eleve suas vozes para que termine a repressão".
"Maduro sente que pode matar cidadãos sem pagar por isso"
María Corina Machado, em 2024: 'Maduro sente que pode matar cidadãos sem pagar por isso'
Em outro trecho da entrevista, Corina deu mais detalhes de como o governo Maduro lida com seus opositores.
"Maduro sente que pode mandar prender 500 venezuelanos injustamente, que pode mandar matar 10 cidadãos sem pagar por isso. É preciso fazer com que Maduro saiba que vai ser responsabilizado pelos crimes que ele comete para que pare a repressão e que militares, paramilitares, parem de uma vez, porque vai haver consequências e o mundo está acompanhando os venezuelanos e suas denúncias".
"As bases das Forças Armadas também estão passando fome"
María Corina Machado, em 2024: 'As bases das Forças Armadas também estão passando fome'
No último trecho da entrevista, Corina é questionada sobre uma anistia a Nicolás Maduro e ela aproveita para falar que os apoiadores do ditador também estão passando fome e que eles também querem uma mudança de governo pacífica.
"Quem tem se nagado [a deixar o governo] é Maduro. Maduro, se recorrido é à força, à repressão e à mentira. Ele se escondeu atrás de alguns poucos militares. Porque as bases das Forças Armadas e dos quadros médios venezuelanos que também estão passando fome, não têm seguros médicos, não têm possibilidade de formação para seus filhos e que também querem uma mudança de governo pacífica".
Ao falar sobre Maduro, ela diz que crê em uma negociação e que é preciso dar garantias ao herdeiro de Hugo Cháves.
"Eu creio em uma negociação, e estamos trabalhando por isso, e uma negociação, tem que dar garantias, sem lugar a dúvidas. Mas todos sabemos que há delitos que não são objeto de anistia".
Ela continua falando sobre o tema, ao dizer que há precedentes para discutir os mecanismos específicos das garantias e que ela seus aliados estão decididos a apoiar um processo de negociação.