Hacker Delgatti criou falso alvará para soltar integrante de facção condenado a mais de 200 anos
24/04/2024
Sandro Silva Rabelo, o Sandro Louco, está preso no MT com 15 condenações por homicídio, latrocínio e roubo. Documento falso foi incluído no sistema da Justiça e consta em investigação que envolve deputada Carla Zambelli. Sandro da Silva Rabelo, conhecido como Sandro Louco
TV Centro América
O hacker Walter Delgatti incluiu um falso alvará no sistema da Justiça para soltar um preso integrante da facção criminosa Comando Vermelho condenado a mais de 200 anos de prisão. Ao todo, Delgatti incluiu no sistema 9 alvarás de soltura em MT (1), DF (3) e RS (5). Leia mais abaixo.
A informação consta em denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que denunciou Delgatti e a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pela invasão do site do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Zambelli foi denunciada como mandante do crime.
De acordo com a PGR, Delgatti invadiu outro sistema da Justiça (o Sistema Eletrônico de Execução Unificado – SEEU) e incluiu um documento para libertar Sandro Silva Rabelo, o Sandro Louco, que está preso em Mato Grosso e é tido pela polícia local como um dos líderes da facção Comando Vermelho.
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Sandro Louco cumpre mais de 200 anos de prisão por conta de 15 condenações. Entre os crimes cometidos estão homicídio, latrocínio, sequestro, porte de arma, roubo e organização criminosa.
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Ao blog, o Tribunal de Justiça do Mato Grosso confirmou que Sandro Louco permanece preso, mas não detalhou se o alvará chegou a constar no sistema ou em qual momento foi percebido que se tratava de um documento falso.
Delgatti também incluiu alvará para a soltura de três presos no Distrito Federal e cinco no Rio Grande do Sul. O blog acionou o Tribunal de Justiça do DF e do RS e aguarda resposta.
"Os alvarás de soltura, portanto, foram elaborados a partir de invasão a sistema do CNJ. Não obstante terem sido gerados no âmbito do sistema competente, o conteúdo é falso, já que não houve o prévio regular procedimento interno, nem a assinatura real da autoridade competente", diz a PGR, em denúncia contra Delgatti.
Segundo o órgão, Delgatti invadiu o site do CNJ "maneira livre, consciente e voluntária, sob comando da senhora Carla Zambelli" e "emitiu documentos ideologicamente falsos, com o fim de prejudicar valores juridicamente protegidos".
Segundo o documento da PGR, Delgatti e Zambelli buscavam "obter vantagem de ordem midiática e política" por meio de um "projeto de desmoralização do sistema de Justiça". O órgão aponta que o objetivo era causar danos ao funcionamento do judiciário, causando desconfiança por parte da população. A PGR diz que o movimento é emelhante ao que foi feito contra as urnas eletrônicas.